ENTRETANTO

Você acorda antigo.


É desse tempo uma urgência de saber o que há. A sua vida é um noticiário ininterrupto, com informa- ção o suficiente para despertar uma ansiedade ancestral. Os movimentos seguem mais ou menos os mesmos, mas agora você os vive com uma intensidade voraz. Há quem sofra, há quem goze.


A arte, como é reflexo, não prescinde dessa marcha esquizofrênica. Pelo contrário, joga lenha no desejo por novidades de um circuito que se alimenta da esperança de encontrar uma faísca criativa, um suporte surpreendente, um traço descarrilhado...


Para embaralhar e aumentar a torrente de gente e ideias, eis ENTRETANTO. Sem a menor intenção de solucionar, mas com uma vontade gentil de propor. É uma feira de arte, mas é também um alternativo modelo de negócio, especialmente necessário num mercado em franco desenvolvimento. Nasce do desejo de apoiar artistas sem galerias, desde a produção até a venda. Uma via entre artista e mercado. Um espaço expositivo itinerante e anual que não apenas apresenta, mas comissiona (neste caso, 80% dos trabalhos), vende e comunica, num sistema em que 70% do valor pago é repassado ao artista. O restante, revertido para os custos de produção.


Durante três dias, serão apresentadas obras de 21 artistas plásticos, entre novíssimos talentos e artistas que possuem alguma trajetória, com produção regular. Todos sem vínculos permanentes com o circuito comercial formal. Uns porque não foram vistos, outros porque fizeram outras escolhas. Colecionadores, marchands, galeristas, jornalistas e os interessados por arte são os espectadores desse pequeno recorte, que a cada edição ganhará um eixo curatorial. Nesta primeira foram convida- dos os curadores Luisa Duarte e Fernando Oliva, também forças jovens do circuito. É deles a seleção dos caminhos de O Desvio é o Alvo, a primeira ENTRETANTO.


Daniela Thomas e Felipe Tassara assinam a expografia, que na mesma direção do projeto pretende dessacralizar a arte e aproximá-la das pessoas. Numa casa, numa rua, num lugar sem nenhuma tradição ou relação com o circuito. Uma porta nova, para o que há de promissor. O movimento é solto – a curadoria organiza as manifestações, mas a ordem é sutil. A verdadeira vontade é a da liberdade.


Participam da primeira ENTRETANTO:

Adriano Costa, Alexandre B., Ana Mazzei, André Sztutman, Bhagavan David, Bruno Palazzo, Bruno Storni, Bruno Baptistelli, Clara Ianni, Cristiano Lenhardt, Daniel de Paula, Daniel Scandurra, Deyson Gilbert, Guilherme Peters, Henrique César, Iara Freiberg, Michel Zózimo, Pedro Maia, Roger Satoru, Virginia de Medeiros e Wallace Masuko.


Um coletivo que caminha infinito. A graça é saber pra onde.

Por OITO TRÊS DIGITAL 6 de novembro de 2025
LOGLINE A mineração deixou cicatrizes profundas não só na paisagem mas na vida de três mulheres nascidas em torno de uma cratera tricentenária de extração de diamantes. Enquanto a ganância desenfreada do garimpo atravessou a pequena vila levando quase tudo, a força das três permanece como a matéria verdadeiramente mais preciosa do vilarejo. SINOPSE "Diamantes retrata a vida de três mulheres que nasceram e foram criadas dentro de um sistema extrativista devastador. O lugar, São João da Chapada, uma vila no coração do Brasil, se estende pelas encostas de uma cratera gigantesca e abandonada de mineração de diamantes. Essa cratera é como uma cicatriz monumental da economia patriarcal que ainda exerce um forte controle na região, A história da devastação da natureza e das vidas no Brasil é contada de uma maneira muito íntima e feminina. Como Diamantes que resistem às intempéries da natureza por milênios; o filme acaba por nos revelar a resiliência das mulheres num país adoecido.”
Por OITO TRÊS DIGITAL 5 de novembro de 2025
Para onde voam as feiticeiras acompanha a deriva de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo em uma experiência cinematográfica que torna visível a persistência de preconceitos arcaicos de gênero e raça no imaginário comum. No centro desta narrativa polifônica está a importância da resistência política através das alianças de luta comum entre coletivos LGBTQIA+, negritude, indígenas e trabalhadores sem teto.