LUIZ BRAGA

LUIZ BRAGA - Retumbante Natureza Humanizada 

A percepção de que tudo se transforma o tempo todo, indiferente aos nossos desejos e crenças, nos impele a querer captar e guardar registros de cada momento, como se fosse possível preservá-los em sua essência, para a posteridade. O que falta, por vezes, é fazer emergir, com igual exatidão, o emaranhando de simbologias e significados que fazem desses registros datados, potenciais obras de arte.


No mundo contemporâneo, a relação das pessoas com as novas tecnologias pode ter incentivado o surgimento de milhares de observadores atentos às abundantes efemeridades que desaparecem com a mesma rapidez que surgem. Paradoxalmente, poucas destas imagens conseguem galgar os degraus de reconhecimento público e atingir o status de merecer um lugar de permanência.


Talvez por isso, optemos por dedicar um tempo precioso contemplando a ínfima parte de segundo captada pela magia de uma fotografia ou de uma pintura. Uma forma, por vezes, ingênua de tentar resistir ao impulso de mudanças que parece não se deter ante o deslumbramento provocado pela interação com paisagens naturais, seus ciclos e a desastrada interferência humana. Nesse momento eternizado, inusitadas linhas, luzes, cores e sombras de um mundo em vias de extinção nos atingem com a fluidez estática de uma revelação profana.


É nessa perspectiva que a exposição Retumbante Natureza Humanizada, com curadoria e pesquisa de Diógenes Moura, espera nos alcançar. A partir da invocação de um tempo-espaço que não se restringe aos fluxos tradicionais, vai encorpando o silencioso domínio das cenas da vida cotidiana, e das pessoas, impregnadas dos vestígios desse nosso, e de outros tempos. Insinuando, desse modo, que possamos compartilhar emoções que fazem parte de uma memória coletiva que o humano carrega como espécie desbravadora de lugares hostis à sua presença.


Para o Sesc, apresentar ao público a oportunidade de nos encontrarmos nas fotografias do paraense Luiz Braga, marcadamente locais e universais, é trazer a sensação de que, por mais que nos julguemos ser diferentes uns dos outros, há uma extrema força de igualdade que explode quando nos deparamos com modos de ser e de viver, lugares e rostos tão estranhos quanto imensamente próximos. Essa epifania de pertencimento frente a qual nos comovemos, pode despertar reflexões sobre respeito às diferenças, aos demais seres vivos e aos direitos e responsabilidades de todos na preservação da vida.

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