EIJA-LIISA AHTILA

Sobre assuntos desconhecidos, natureza dos milagres e possibilidades da percepção


Para algo para começar, só é preciso dar início e se conectar com uma coisa que ainda não é - até onde se sabe, pelo menos. E escrever mais sobre isso.


Como se sabe o que as coisas são, a não ser que já sejam conhecidas? O que se sabe delas nessa fase? Como é que existem essas coisas? Como chegar perto deles e iniciar um diálogo - sobre o quê, e na língua de quem?


Instintivamente se aborda tais coisas através do familiar, do conhecido - às vezes com tanta precisão e força que não se pode ver a partir de um único ângulo, em uma direção todas as coisas em uma ordem clara - uma coisa na frente, outra logo atrás dela, e assim por diante - em perspectiva.


É possível algo já familiar preencher os critérios de um milagre? É possível se abalar com a surpresa por algo que se conhece por completo? O que se vê, então?


Talvez se encontre uma questão que não se pode entender. Ou uma imagem de algo que começa a confundir a mente. São exibidas em algum lugar, onde podem ser descobertas, e então esperam para ver quem vem olhar para elas E como olham para elas.


Trecho da obra The Annunciation (O Anúncio), 2011, Eija-Liisa Ahtila

Por OITO TRÊS DIGITAL 6 de novembro de 2025
LOGLINE A mineração deixou cicatrizes profundas não só na paisagem mas na vida de três mulheres nascidas em torno de uma cratera tricentenária de extração de diamantes. Enquanto a ganância desenfreada do garimpo atravessou a pequena vila levando quase tudo, a força das três permanece como a matéria verdadeiramente mais preciosa do vilarejo. SINOPSE "Diamantes retrata a vida de três mulheres que nasceram e foram criadas dentro de um sistema extrativista devastador. O lugar, São João da Chapada, uma vila no coração do Brasil, se estende pelas encostas de uma cratera gigantesca e abandonada de mineração de diamantes. Essa cratera é como uma cicatriz monumental da economia patriarcal que ainda exerce um forte controle na região, A história da devastação da natureza e das vidas no Brasil é contada de uma maneira muito íntima e feminina. Como Diamantes que resistem às intempéries da natureza por milênios; o filme acaba por nos revelar a resiliência das mulheres num país adoecido.”
Por OITO TRÊS DIGITAL 5 de novembro de 2025
Para onde voam as feiticeiras acompanha a deriva de encenações e improvisos de sete artistas pelas ruas do centro de São Paulo em uma experiência cinematográfica que torna visível a persistência de preconceitos arcaicos de gênero e raça no imaginário comum. No centro desta narrativa polifônica está a importância da resistência política através das alianças de luta comum entre coletivos LGBTQIA+, negritude, indígenas e trabalhadores sem teto.